CONTEMPLAÇÃO
Quando a beleza devassa as sombras
E põe fogo nos azulejos da casa,
Quando o vento se enrola nos pés de mesa
E canta nas frestas músicas antigas,
Quando o silêncio se curva para ouvir
E dar voz aos grilos e às cigarras,
Quando o espírito crepita,
Fagulhando cinzas, brasas, entre o passado e futuro.
É nessa hora que me engasgo,
Saio tateando o impalpável,
E todos os sentidos moram num só lugar:
Os meus dedos.
Quando a palavra exata desaparece,
Mesmo se tendo fantasiado de infinita,
Quando as fechaduras portam olhos
E os espelhos descansam da carga de refletir.
Quando a poeira de sobre as coisas toma forma
E aspecto de outra matéria que não poeira.
Quando o eterno dorme nas teias das aranhas
E nelas se balança, prestes a cair.
É nessa hora que me entrego,
Deixo que me comam as horas,
E elas me vão devorando a partir do centro
(E dos ossos).
Quando a maré se levanta, se atira contra o quebra-mar
E sangra espumas brancas entre veias pétreas,
Quando a força das insignificâncias ganha corpo
E explode brotos nas frestas das calçadas.
Quando o visgo de existir cobre a própria existência
E a esverdeia inteira, umedecendo-a sem a manchar.
Quando verdade e certeza deixam de importar
E a melancolia espalha unguento nos batentes das portas.
É nessa hora que me embargo,
Esfrego o meu cio nos objetos e na vida. Descanso.
E todas as necessidades tornam-se uma:
Contemplar.
Quando a beleza devassa as sombras
E põe fogo nos azulejos da casa,
Quando o vento se enrola nos pés de mesa
E canta nas frestas músicas antigas,
Quando o silêncio se curva para ouvir
E dar voz aos grilos e às cigarras,
Quando o espírito crepita,
Fagulhando cinzas, brasas, entre o passado e futuro.
É nessa hora que me engasgo,
Saio tateando o impalpável,
E todos os sentidos moram num só lugar:
Os meus dedos.
Quando a palavra exata desaparece,
Mesmo se tendo fantasiado de infinita,
Quando as fechaduras portam olhos
E os espelhos descansam da carga de refletir.
Quando a poeira de sobre as coisas toma forma
E aspecto de outra matéria que não poeira.
Quando o eterno dorme nas teias das aranhas
E nelas se balança, prestes a cair.
É nessa hora que me entrego,
Deixo que me comam as horas,
E elas me vão devorando a partir do centro
(E dos ossos).
Quando a maré se levanta, se atira contra o quebra-mar
E sangra espumas brancas entre veias pétreas,
Quando a força das insignificâncias ganha corpo
E explode brotos nas frestas das calçadas.
Quando o visgo de existir cobre a própria existência
E a esverdeia inteira, umedecendo-a sem a manchar.
Quando verdade e certeza deixam de importar
E a melancolia espalha unguento nos batentes das portas.
É nessa hora que me embargo,
Esfrego o meu cio nos objetos e na vida. Descanso.
E todas as necessidades tornam-se uma:
Contemplar.
3 comentários:
"deixo que me comam as horas
e que o tempo me devore a partir do centro(dos ossos)"...é lindo isso, Agnaldo. E esse unguento de melancolia, o cio se esfregando nos objetos...muito forte!
Até me saiu um poema inteiro, que até agora era só risco.
um beijo!
salve, Agnaldo!
espero q esteja bem e feliz.
um grande abraço!
meu querido amigo, grande poeta
(este seu poema é primoroso)
só responda
se está neste planeta
em movimento
que é pra gente ficar tranquila
(tipo assim: estou aqui)
um abraço
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