[Imagem: Ancient of days
- Willian Blake
Vídeo - Viva la vida - Coldplay]
Estive no palácio real dos macedônios;
Havia taças de exóticos licores,
Frutos de todos os mundos
Servidos em bandejas decoradas em âmbar.
Eunucos, odaliscas, cítaras,
Tapetes de pele e lençóis de puro linho
No aposento que me prepararam.
Jazidas ofertadas de safira e de plutônio.
Mas o que me seduzisse
Não havia
No palácio real macedônio.
Na Cidade Proibida e no Kilimanjaro,
Na grande muralha e no Saara,
Na Fossa das Marianas,
No Nilo, no Sena e no Tejo,
No túmulo dos czares.
Mas o que me erigisse
Não havia
Em qualquer desses lugares.
No sultanato de Omã – um sultão,
No Taj Mahal – o marajá,
Em Delfos – o sacerdote de Apolo e o próprio oráculo;
O tomo do conhecimento de Alexandria
E na ilha de Ávalon – o rei, excalibur.
Para o novo mundo – a nau capitânia...
Títulos, posses, honra e poder.
Porém o que me aplacasse
Não havia;
Nada capaz de me conter.
Curvei-me na presença de deidades
O tempo exato de me dissuadirem.
Dobraram em troca seus joelhos
Dizendo preces em meu louvor.
De sua rica ambrosia tive de sobra
Para comer o quanto me fartasse.
Dormi no trono da luxúria e da vaidade
Tendo-as, zelosas, de vinho e de pão.
Mas o descanso cobiçado, esse,
Não havia
Tudo me parecia vão.
Dei às feras as expectativas para que devorassem
Em safaris para os quais servi de caça.
Ceei com bárbaros e sarracenos,
Ao lado de faquires fiz voto e jejum.
Nas ruínas celtas, nos templos pagãos,
Em meio a searas e espinheiros
Vi nascerem dias e noites se dobrarem.
Intercalava dúvidas e anseios febris.
Mais que pudesse me alimentar,
Tanto mais se agigantava a minha fome.
A resposta, areia que jamais seria pérola,
Não havia;
Exilada ao âmago de um abalone.
Motivo que valesse caminhar.
Uma razão,
Um outro que me reconhecesse pelo nome.
[Dos: POEMAS DE VIAGEM - EM BRUSQUE-SC]
6 comentários:
Bom dia Poeta. Hoje vc está mais reflexivo do que nunca.
Eu aqui recomeçando e vivendo minha última semana de recreio. Depois, mais tratamento e incertezas.
Então vou tentar não refletir muito e me divertir.
bj
Eliane,
Isso, deixe as reflexões para coisas mais importantes. Divirta-se, aproveite e recarregue as baterias para a próxima semana.
Quando você se der conta, já terá passado.
Enquanto isso a torcida e as energias continuam fortes.
Super beijo.
Ah, Agnaldo, vc retrata um sentimento em mim, como se estivesse andando em círculos, como se os lugares fossem todos
"dejavú" e as pessoas, os dias...
Cortei os cabelos pra ver se melhorava...não melhorou.
Os pulsos, não corto. Preciso de muito sangue e plasma pra compor pelo menos alguns poemas que sustentem essa pedra.
Daqui a pouco meu Olodango chega por aí.
...ando jururú...
beijo, poeta
Excelente, Agnaldo, viajei contigo!
Adorei!
Beijo.
Neuzza querida,
Não sei por qual razão deixei passar a resposta a este post. Acho que foi a acidez dos dias seguintes, as eleições e tudo aquilo sobre o que já nos gastamos.
As mulheres são seres especialmente superiores. Com Sansão o corte dos cabelos extirpou a força; no seu caso, estou certo, de trará um vigor novo, feito uma planta que, se podada, se recente alguns momentos para depois eclodir brotos por todos os poros.
Não corte os pulsos; ou, se o fizer, faça com os pulsos etéreos, para que sangrem sua poesia-hemoglobina.
Não fique jururú. Ou fique, mas passe. Passe adiante.
Super beijo.
Lara,
É sempre bom ter sua companhia nas viagens... Sigo com a certeza de tê-la por perto, e isso é fantástico.
Super beijo.
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