Vídeo: Van Diemen's Land - U2]
Vou me jogar daquela ponte
E sem demora.
A ponte, precipitando-se, tenta coser;
Liga-me dos pés à cabeça
De modo que, ao me olharem de repente,
Nem percebam
Que sou um abismo.
Precipito-me para o alto e volto.
Gravito meus arcos, esteios, vigas.
Lastros que se vão alastrando
Abaixo do céu,
Acima da terra,
Além da consistência imutável.
Vou me jogar daquela ponte,
Dragar-me e desaparecer
Dentro de mim
Que sou um abismo.
Entre um barranco e outro,
Lá estou, pesado, mas flutuando.
Desexistindo, contudo, presente e fundo.
Somente a ponte me dá dimensões,
Dimensões de inexistir.
Vou me atirar daquela ponte
E sem demora.
Vou ser abismo completo
Sem fronteiras,
Impossível de ser atravessado.
[Dos: POEMAS RECÉM-NASCIDOS]
Um comentário:
Agnaldo, meu querido
é mesmo ofìcio do Poeta
atirar-se de uma ponte
a cada segundo
colher abismos
nas palavras mais fundas
vc me deixa mais forte
quando passa pelo meu Spirituals
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