[Imagem: Auto-retrato ou homem desesperado -
Gustave Courbet]
VAGAS SENSORIAIS
Reflexões adversas.
Compreendi que era pó
Antes de voltar ao pó;
Seria pó
Desde o começo até o término
E depois.
Esboço para ser gente
Ensaio que acabasse em canto
Rascunho que se tornasse corpo
Tentativa que desse em força
E me elevasse
Inacabado mesmo.
Obra incompleta.
Tateio enquanto gaguejo.
Titubeio no ininterpretável;
Realizo com fumaça e espelhos
Uma escultura que reflita.
Que acabe se soprada
Se quebre se atingida
Inexista, se posta à prova.
Uma escultura trêmula
De pensamentos voláteis
Palavras que não terminam.
Espaço, solo, fossas abissais.
Ao centro a poeira.
O projeto indeterminado
A sensação discreta
De não ter nome peso substância significado.
De ser por ser
De estar por estar
De não caber conter estar contido
No sopro original.
Vagas sensoriais.
“Sois o sal da terra e a luz do mundo”.
Sou só
Sal e pó
Pretérito ao sal e ao pó;
Originei-os
Antes que houvesse luz.
5 comentários:
Boa tarde Poeta.
O retrato do desespero me impressionou.
bj
Boa noite Agnaldo!
Poema que nos faz refletir sobre a nossa finitude e a nossa insignificância. Poeira... pó... no infinito do universo.
Tenha uma ótima noite, por ora ...pensemos ser uma estrela rsrsrsr.
Eliane,
Esse pintor é fantástico. Pensei que a imagem pudesse contribuir com o texto, ou vice-versa...
Super beijo.
Vera,
Uma estrela é uma ótima pedida... Talvez uma supernova, uma nebulosa, ou mesmo o pó original, o que fez com que todas as coisas explodissem em beleza e força.
Super beijo.
E é maravilhoso mesmo. Eu acho que eu é quem ando meio assim. Com olhos abertos. Bjs querido
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