(Neuzza escreveu em seu Spirituals do Orvalho algo que me chamou tanto a atenção que tentei, modestamente, traduzir).
TRADUÇÃO DA MELANCOLIA
Melancolia é quando a alma foge para dentro dos ossos.
A pele se vira ao avesso
E a base do espírito fermenta sensações árticas de fogo.
É quando os pêlos crescem para dentro
E sentimentos de aço ganham pontas.
Melancolia é um exército,
Campo onde toda a vontade se junta para guerrear,
Para hastear bandeira negra
E espalhar na superfície das horas a inquietação.
Melancolia é corda de cujo nó não se desfaz
Antes de estrangular a serenidade.
Aríete pétreo, ornado de pregos e brasas,
Tomando de assalto a quietude, enquanto faísca,
Enquanto espalha fagulhas sobre tapetes e vísceras.
Melancolia é quando as veias se voltam para fora
E escrevem na superfície da calma palavras indizíveis.
É quando o coração não aguenta é quer sair,
Mas não pode, porque as costelas o estão atravessando.
Melancolia é ventre vazio, infecundo,
Gestação eterna que a luz jamais verá.
É seio de onde o leite coagula antes de ser
Para que a angústia dele não se farte,
Não lhe morda os bicos depois de tanto beber.
Melancolia é o que a garganta arranha sem engolir
E a língua estranha enquanto saboreia.
É o trono em que a razão se senta e assiste
A alma fugir para os ossos,
A glote se comprimir,
Os olhos se desertificarem
E toda a beleza se esconder
Feito jamais houvesse existido.
Melancolia é quando a alma foge para dentro dos ossos.
A pele se vira ao avesso
E a base do espírito fermenta sensações árticas de fogo.
É quando os pêlos crescem para dentro
E sentimentos de aço ganham pontas.
Melancolia é um exército,
Campo onde toda a vontade se junta para guerrear,
Para hastear bandeira negra
E espalhar na superfície das horas a inquietação.
Melancolia é corda de cujo nó não se desfaz
Antes de estrangular a serenidade.
Aríete pétreo, ornado de pregos e brasas,
Tomando de assalto a quietude, enquanto faísca,
Enquanto espalha fagulhas sobre tapetes e vísceras.
Melancolia é quando as veias se voltam para fora
E escrevem na superfície da calma palavras indizíveis.
É quando o coração não aguenta é quer sair,
Mas não pode, porque as costelas o estão atravessando.
Melancolia é ventre vazio, infecundo,
Gestação eterna que a luz jamais verá.
É seio de onde o leite coagula antes de ser
Para que a angústia dele não se farte,
Não lhe morda os bicos depois de tanto beber.
Melancolia é o que a garganta arranha sem engolir
E a língua estranha enquanto saboreia.
É o trono em que a razão se senta e assiste
A alma fugir para os ossos,
A glote se comprimir,
Os olhos se desertificarem
E toda a beleza se esconder
Feito jamais houvesse existido.
3 comentários:
Saudade. Lindo o que você escreveu. Te amo!
eu é que me desculpo
por não ter vindo antes...ou depois,
quem sabe
textos, sentimentos, deveriam ser assim:
um desenrolar sem fim
É...soul
Lindo, lindo isso q vc escreveu
um abraço emocionado, Agnaldo
passei pra reler, Agnaldo
e quanto mais a gente lê
vai descobrindo a poesia visceral
a grande profundeza do seu texto
devassando a melancolia
sentimento temido a tal melancolia
O seu mergulho é dos mais raros.
muito obrigada
Postar um comentário