ANTIGUIDADE PERENE
Calcinados
Palácios remotos
Me povoam.
Gárgulas imemoriais
Suspiram pedras
Do alto de seus abismos.
Rosnam a marca dos biséis
Desde que
Atacados por hábeis mãos
Emergiram da rocha bruta
E ganharam vida.
Taturanas, mandarovás
Aspiram asas
De dentro de casulos inconcebíveis.
Tecem com o fio das horas
Sedas brancas
Vestidos para a festa das mariposas,
E dos pássaros
Que delas se saciam.
Talco sobre o assoalho,
Incenso nas janelas,
Cartas de tarô predizendo o óbvio.
Toma minha mão
A vidente,
Mas a planta é lisa.
Laca e verniz.
O perfume da noite
Consome o meu espírito.
Ambos se dissipam:
Gás.
A casa tem o cheiro
Das estrelas
Que eu roubei.
Palácios crivados de heras
Se erguem dentro de mim.
Sou verde e antigo
Desde sempre.
3 comentários:
Agnaldo, Agnaldo
há tempos eu não me lembrava dos meus sonhos.
Nesta madrugada acordo e me vem o que havia acabado de sonhar:
mundos outros, outras luzes, formas...eu me encontrava num patamar aquém, a paisagem extraordinária me fugia. Então pedi
e voei e vi. Era assim, antiquíssimo e maravilhoso, tenha certeza. Revi agora pela manhã
neste seu poema encantado.
Um salto além do além. Fico muito grata.
que seja sempre verde e antigo, poeta...
Neuzza querida,
O que posso dizer? Sou realmente verde e antigo desde sempre.
(Suas palavras me azulam, avermelham, dão-me cores que desconheço).
Grato. Muito grato.
Super beijo.
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