[Imagem: Nude warrior with a spear -
Tréodore Géricault]
Como um galo de cumeeira
Antes da alvorada.
Desfolha os olhos sobre a partitura nébula,
Realiza planos verticais;
Ele, homem para-raios,
Delgado, canta
Para cima e para baixo.
Como um gato de laje
Em precípua jornada.
Explora a borda à cata da paisagem,
Desfila destrezas e equilíbrios;
Ele, homem-pêndulo
Oscila. Deriva
Da altura e da profundidade.
Como um arcano de almádena
Apartado do ancestral baralho.
Acolhe a dúvida como parte do presságio.
Desatemoriza-se, telha a telha;
Ele, homem do telhado
Cimo. Indeciso.
Não sabe se pula ou voa
Deixa ao espaço
A escolha.
[Dos: POEMAS RECÉM-NASCIDOS]
4 comentários:
o homem-pêndulo, o homem para-raios
desfolhando os olhos sobre a partitura indevassável da Existência...o homem despido de todos os adereços, o homem na sua interminável e dolorosa solidão...
ele me parece buscar uma outra dimensãom bem além do além
Neuzza querida,
"To be or not to be, that´s the question", já dizia o velho Willian, numa clara referência à sua desconfiança quanto às razões da existência.
O homem do telhado padece de um titubeio essencial. Não sabe se pula ou se voa e, talvez por isso, não escolhe. Recolhe-se em repetitivo movimento pendular.
Creio que, em algum momento, somos todos pêndulos e estamos de pé, no alto do mesmo telhado.
Super beijo.
O homem, qualquer objeto se torna, na dúvida, ao se entregar ao léu do tempo.
Perfeito!
Beijo.
Lara,
O homem é esse bicho que, na dúvida, deixa que o destino decida. E o destino decide, inevitavelmente.
Super beijo.
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