[Imagem: Giotto gardant les chèvres
- Leon Bonnat
Vídeo: O pastor - Madredeus]
Ovelhas que não sejam arredias
Campos íngremes
Que planos verdejem
Não cobicem lobos
E chacais
A inocência
Filhotes nascidos sem susto
Pastem em invernadas de prata
O orvalho fresco
Andem em companhia da manhã
Recém-parida
Juntos aprendam
Cães que rosnem baixinho
Para admoestá-las
Permaneçam à sombra
Vigiando contornos se formarem
Não temam as marrãs
Sacrifício algum
Nem seja a vida
Revertida ao corte
Recuse-se a chuva
Comova-se o vento e cesse
Brilhe morno o sol
Sobre seus anos perdidos
Em cuidado e pasto
E o pastor que volte
Ao fim de cada dia
Com o rebanho intacto
Ainda que emoções
O tenham desgarrado
[Dos: POEMAS RECÉM-NASCIDOS]
6 comentários:
Lindo, emocionante!
Madredeus...ah, eu tenho um cd/antologia deles, com o que há de
mais belo. Belíssimo...
E você, pastor amoroso das coisas
deste mundo, onde bichos e árvores se afastam e se perdem muitas vezes sem ter pra onde ir...
E nós? Esses seres patéticos...ainda bem que as flores são flores, apenas...
abraço e grande afeto
Eliane,
A música ajuda... Ajuda muito. E a imagem também.
Super beijo.
Neuzza querida,
A música do Madredeus vai pastoreando acenstralidades, falando ao genoma da raça mãe e ecoando até sempre.
Enquanto a ouço tenho a sensação estranha de pertencer sem ter dono, de ser de algum lugar que desconheço ou que não existe.
Por isso se desgarram árvores e bichos e para longe vão, deixando livres de presença todos os espaços; espaços que talvez sequer existam...
É isso o que tine, barulham nadas.
É isso.
Super beijo.
"é isso que tine, barulham nadas..."
devo estar aqui, Agnaldo, mais uma vez, pra te dizer que o seu comentário sobre a Mùsica de Madredeus´o próprio Madredeus amaria. Certeiro.
Neuzza querida,
Não tanto quanto amo a música deles (esta em especial)...
Mas que bom que tenha voltado. É sempre bom. É sempre bom...
Super beijo.
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