PARTO PREMATURO
Fórceps
Fórceps
Fórceps
Delirava a alma
Içada pelas têmporas.
Às mãos vermelhas do destino
Sacudia-se
Querendo respirar.
Desabotoado, o peito,
De cima a baixo
E sendo cosido
Com cordas de aço.
“Está viva?”
“Sim,
Mas irremediavelmente aleijada”
[Dependerá de cuidados
Para não ser torta]
Hábeis mãos
O destino aparou as pontas
Da derradeira laçada,
Como o fizesse aos chifres de um novilho,
Para amansá-lo.
Estendeu-me a cria
Ainda quente
Ainda suja
E eu a tomei nos braços
Lambi e ferrei
Para que tivesse a minha marca.
Para que quando a vissem mancando pela vida
Soubessem-na única.
2 comentários:
Todo poeta deve nascer de fórceps, prematuro; quando renasce para escrever, o trabalho de parto não é fácil.
Ps.: Seu comentário me estarreceu. As analogias com o dente-de-leão e os dentes de leão foram perfeitas, obrigada! Vc pode mandar um e-mail para mim para: lara.amte@gmail.com? Só para eu ter o seu endereço de e-mail.
Beijo, grande poeta.
Oi Lara,
O e-mail já foi.
Quanto ao comentário, não fui eu. Foi seu próprio poema quem o revelou.
Super beijo.
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