[Imagem: Sisyphus - Ticiano]
Por absoluta falta
Que escrevo
Escravo
Maxilares deslocados
Para o esvaziamento completo
Para a escassez essencial
Por latente ausência de coragem
Que escondo nas letras
Meus temores e defeitos
São pássaros de pedra
Os meus versos
Atiro-os da janela
Na esperança de que voem
Se estilhaçam
Por absoluta necessidade
Que canto
Numa das mãos a pauta
Na outra a falta
O desencanto
Que a dormência não me sirva de desculpa
E a sanidade não escore
Nessas palavras
Porque escrevo para não sucumbir
Não ser tragado pela loucura
Escrevo
Minha traqueotomia
Meio que encontrei
Para respirar
[Dos: POEMAS DO ESTOQUE]
4 comentários:
Como gostei deste verso:
"porque escrevo para não sucumbir
Não ser dragado pela loucura."
Nem a minha nem a dos outros.
Ótimo finde Poeta.
atingiu no peito, Agnaldo, essa pedra pesada e certeira.
Saiba que, onde vc estiver, afiando as lâminas da palavra,
estamos aqui, adagas atentas na tentativa de afastar, dragar essa ou aquela dor mais aguda. Uau, ninguém manda vosmicê atingir ~
nosotros en el corazón!
abraço e bfs
Eliane,
A loucuras andam armadas e perigosas, espreitando nas frestas e na vida. Há de haver algum remédio para enfrentá-las. Tanto as nossas quanto as alheias.
Ótimo fim de semana para você também.
Super beijo.
Neuzza querida,
Adagas que fortalecem meu frágil exército. Conto tanto com elas quanto com as palavras que marcham alquebradas por meus versos.
Como su corazón, mi corazón desfila sob as salvas incontroláveis dos canhões de nossos questionamentos poéticos. E vamos marcando o passo, juntos, na tentativa de sobreviver, de atravessar o campo sem muitas mutilações.
Super beijo.
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