REI DE PAUS, NOVE DE OURO
Deidades do éter,
Faunos de âmbar e porcelana,
Sílfides, sílfides, sílfides transparentes e impermeáveis.
À mesa posta,
Feltro verde – cigarro e absinto.
Sinto que a boa mão me veio,
Aposto.
Sete moedas de cobre, sete pecados mortais
E mais. Sete de minhas costelas, e mais
O resto de meu tesouro.
Como previa, a mão é boa:
Rei de paus, nove de ouro.
Elucubrações, tramas escusas.
Ases e azares casados,
Todos os adversários comungam do mesmo jogo.
Eita, que a rodada é farta,
Uma carta e vem o morto.
Aceita o meu preço, a malta,
Alta, a quantia é alta.
Aumento
E eles se acovardam.
Sete colares de prata, sete anos de torturas
Em um calabouço mouro.
Não querem pagar para ver:
Rei de paus, nove de ouro.
Alucinações selvagens,
Febre etílica, delirium tremens.
Outra dose de absinto para preservar os níveis de veneno,
Mais um cigarro
Antes que o velho se apague.
Jogue! Cobram-me que faça, e faço,
Descarto.
Sete naipes repetidos, sete futuros prováveis.
Ágeis. Dedos afoitos e ágeis
Procuram em meu espólio o sinal de algum agouro.
Não é pôquer nem vidência! Alerto e bato.
Rei de paus, nove de ouro.
De Balneário Camboriú-SC.
4 comentários:
O poema de hoje me lembra uma música de Ellis.
Boa quarta, agosto indo devagar, mas indo...
Eliane,
Por favor, me conte a referência. De que música se trata?
Você está vendo só, agosto já está acabando...
Super beijo.
Eu queria ter o dom da poesia. Muito, muito bom.
Que honra vc no meu blog, fiquei feliz de vê-lo lá, obrigada!
Beijos.
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