TARDES ALADAS
Trêmula ainda
E úmida
E morna.
A mão.
Sobre elas o silêncio carmim
Entre eles desterros violáceos
Acima de todos
Nuvens letais
Atravessando-os.
[Vagava a tarde
À beira de se perder].
Pássaros negros em festa
De carniça
Bicavam-na.
Tudo se foi recolhendo.
O suor das mãos
O silêncio das horas
O desterro inominável.
As nuvens também.
Restaram apenas os pássaros
Que na carcaça da tarde
Se fartavam
Comeram
Tornaram-se.
Tardes aladas
Alaranjadas.
Voejando
Para depois do horizonte.
7 comentários:
Tardes aladas/alaranjadas/voejando para além do horizonte. Belíssima imagem!
Uma tarde de outono também me inspirou uma poesia. Transcrevo-a para você (de poeta para poeta):
OUTONAL
Emergi dos meus porões em busca do teu canto
a tua voz, peregrino, é terna como o ciciar
das folhas imoladas ao vento que passa
e me alicia a alma.
Venho em busca do teu vulto, doce viageiro
sigo o teu canto
que me aquece a alma como o leve bafejar
das tardes outoniças.
Te busco e tua voz é um apelo
mas não te vejo
o teu caminho é sem rastros
se és miragem, que me arranca a alma
e passeia em meu corpo na calidez do vento?
Quem sussurra aos meus ouvidos tão loucas delícias
me afaga os cabelos
quem me toma o ar e me arrepia as tetas
desliza em meu ventre
me banha em gozos
e me toma inteira?
Sigo o teu poente, peregrino
na tarde que se vai
ávida por teu amor
vagando nesta busca infinita
desnuda como as árvores outonais.
Lulu/91
O meu verso "Sigo o teu poente, peregrino/na tarde que se vai" não tem um pouco a ver com o seu "Tardes aladas/alaranjadas/voejando para além do horizonte"?
Beijos! :-))
Voejando por tardes alaranjadas é que me perco, e me achei aqui contigo =).
Beijo, bom feriado.
Ainda estou trêmula, exausta , um pós opratório delicado. Mas foi bom passar por aqui nesta madrugada e ver que o amigo fêz brilhar ainda mais sua imagem atráves dos espelhos.
Oi Lulu,
Tem toda razão, existem semelhanças entre as imagens, muito embora seu poema seja lírico e sensual ao mesmo tempo.
É forte sem ser, entende? Melhor, é forte e macio, é sensual como uma árvore se despindo lentamente e se entregando ao morno vento.
Que bom que tenha dividido comigo.
Super beijo.
P.S. Desculpe a demora na resposta; é que ontem me dei feriado rsrsrsrs.
Lara,
Olha, isso me deixa mais que orgulhoso! Encontrar uma poeta que se encontrou em meu espelho, é maravilhoso.
Encontre-se aqui o quanto quiser (ou perca-se, se achar melhor).
Super beijo.
Eliane querida,
Aproveitei sua breve ausência e limpei a casa, pintei paredes, caiei portões, dependurei bouganviles na entrada e fiz caminhos de pedrinhas brancas.
Dependurei vasos de lavanda ainda à entrada, para perfumar também os portais...
E tudo isso porque sabia que você viria...
Feliz, feliz, feliz de tudo... Pela deferência, por ter se lembrado de mim nesse momento de desconforto e por ter me chamado de amigo.
Ganhei o dia...
Super beijo.
Não esqueço dos que me cercam de doces palavras. Sempre estarei por aqui. Sempre. em pensamento todos os dias...
Ah lavandas...
Postar um comentário