RECEITA DE BOLO
Veja se o dia é bom e se a manhã é branca. Se forem, o tempo está propício. Corra até a varanda e se debruce, olhando o mar (e se não tiver mar? Ora, seja criativo). Deve haver sobre ele (o mar) uma nata de sol corando-lhe a superfície, deixando-o amanteigado de luz. (E se não tiver mar? Aí entra a criatividade: procure a nata nas árvores, nas pedras, no asfalto recém-lambido pelo dia). Recolha o creme com os olhos e reserve.
Ainda onde se debruçou respire grosso. Respire e peneire os sons da hora. Não se assuste com barulhos encaroçados dos escapamentos ou com as pelotas de buzinas e pressa. Coe até ficarem finos, até serem vento líquido, silêncio gasoso, sossego em pó e paz. (Vai dar certo).
Depois, já numa bacia, misture tudo usando as mãos. (Importa mais a temperatura da pele que a habilidade em mexer). Se tiver unhas grandes não há problemas. Que os resíduos penetrem sob elas, sujando-as. Continue a sovar, a dar volume... Adicione céu a gosto, olhos, agosto, uma pitada de firmamento em pó previamente dissolvido em água morna.
Quase pronto. Agora é assim: é entender que não há feiúra que resista a bons olhos, nem beleza que lhes suporte a indiferença. Entendido isso aqueça o forno, unte uma assadeira de furo, ponha a massa e asse. Se não ficar bonito, torne-o. Se ficar lindo, o reverencie. Sirva. (Deve ser comido quente, enquanto o espírito matinal resiste aos afazeres do dia).
Veja se o dia é bom e se a manhã é branca. Se forem, o tempo está propício. Corra até a varanda e se debruce, olhando o mar (e se não tiver mar? Ora, seja criativo). Deve haver sobre ele (o mar) uma nata de sol corando-lhe a superfície, deixando-o amanteigado de luz. (E se não tiver mar? Aí entra a criatividade: procure a nata nas árvores, nas pedras, no asfalto recém-lambido pelo dia). Recolha o creme com os olhos e reserve.
Ainda onde se debruçou respire grosso. Respire e peneire os sons da hora. Não se assuste com barulhos encaroçados dos escapamentos ou com as pelotas de buzinas e pressa. Coe até ficarem finos, até serem vento líquido, silêncio gasoso, sossego em pó e paz. (Vai dar certo).
Depois, já numa bacia, misture tudo usando as mãos. (Importa mais a temperatura da pele que a habilidade em mexer). Se tiver unhas grandes não há problemas. Que os resíduos penetrem sob elas, sujando-as. Continue a sovar, a dar volume... Adicione céu a gosto, olhos, agosto, uma pitada de firmamento em pó previamente dissolvido em água morna.
Quase pronto. Agora é assim: é entender que não há feiúra que resista a bons olhos, nem beleza que lhes suporte a indiferença. Entendido isso aqueça o forno, unte uma assadeira de furo, ponha a massa e asse. Se não ficar bonito, torne-o. Se ficar lindo, o reverencie. Sirva. (Deve ser comido quente, enquanto o espírito matinal resiste aos afazeres do dia).
2 comentários:
Simplesmente amei...único como você!
Oi Fefê,
Bem-vinda... Que bom que tenha gostado...
Te espero por aqui...
Beijo.
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