O HOMEM DO TELHADO
Vista de cima a casa se mostra uma fronteira. Sobre a cumeeira se equilibra o homem, e de cada lado dessa fronteira se apresentam os territórios. O primeiro, esqueleto de caibros e ripas desnudas, reserva em pontos distintos diversas pilhas de telhas. Oposto a este está o outro, regular e calmo, totalmente protegido pelos pedaços de barro; cobertura que é também roupa, lençol de escamas se estendendo para baixo.
Com o homem parado como está, equilibrando-se bem ao centro, não se pode dizer o que se passa. É apenas um homem sobre um telhado.
A imagem congelada é mesmo um mistério; igualmente, uma ousadia. Mistério que leva à dúvida e ousadia que põe pernas onde respostas não crescem. Desse um passo para um lado, se movesse lentamente no outro sentido, talvez entregasse uma pista, deixasse escapar um sinal. Mas ele é e está parado, e permanece, como também ficará, assistindo - imóvel.
Não se pode dizer-lhe a idade, tampouco ouvir-lhe a voz, pois é seu momento de descanso. E enquanto descansa tudo cessa à sua volta, tudo espera e recua, temendo que caia, sob o golpe do menor movimento.
E então, quem o vir em seu momento paralisado há de carregar no ventre o feto da dúvida - embrião gelado – ou mesmo uma célula de incompreensão, porque um homem estático, firme sobre um telhado, reserva em si um volume muito maior de perguntas que de respostas.
O transeunte que segue. (O tempo se dissolve); aquele jamais descobrirá.
O que faz o homem do telhado? Cobre ou destelha? Constrói ou desmonta? Protege ou revela as estranhas, expõe fragilidades?
Qualquer que seja a resposta (coisa muito íntima) só se revelará no movimento seguinte – irremediável -, quando não mais restarem os meios, tampouco o tempo para detê-lo.
Vista de cima a casa se mostra uma fronteira. Sobre a cumeeira se equilibra o homem, e de cada lado dessa fronteira se apresentam os territórios. O primeiro, esqueleto de caibros e ripas desnudas, reserva em pontos distintos diversas pilhas de telhas. Oposto a este está o outro, regular e calmo, totalmente protegido pelos pedaços de barro; cobertura que é também roupa, lençol de escamas se estendendo para baixo.
Com o homem parado como está, equilibrando-se bem ao centro, não se pode dizer o que se passa. É apenas um homem sobre um telhado.
A imagem congelada é mesmo um mistério; igualmente, uma ousadia. Mistério que leva à dúvida e ousadia que põe pernas onde respostas não crescem. Desse um passo para um lado, se movesse lentamente no outro sentido, talvez entregasse uma pista, deixasse escapar um sinal. Mas ele é e está parado, e permanece, como também ficará, assistindo - imóvel.
Não se pode dizer-lhe a idade, tampouco ouvir-lhe a voz, pois é seu momento de descanso. E enquanto descansa tudo cessa à sua volta, tudo espera e recua, temendo que caia, sob o golpe do menor movimento.
E então, quem o vir em seu momento paralisado há de carregar no ventre o feto da dúvida - embrião gelado – ou mesmo uma célula de incompreensão, porque um homem estático, firme sobre um telhado, reserva em si um volume muito maior de perguntas que de respostas.
O transeunte que segue. (O tempo se dissolve); aquele jamais descobrirá.
O que faz o homem do telhado? Cobre ou destelha? Constrói ou desmonta? Protege ou revela as estranhas, expõe fragilidades?
Qualquer que seja a resposta (coisa muito íntima) só se revelará no movimento seguinte – irremediável -, quando não mais restarem os meios, tampouco o tempo para detê-lo.
Um comentário:
Não perco um! Fiquei curiosa. beijo. te amo
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