UMA “QUASE” RECRIAÇÃO DO UNIVERSO
“A lua rasga a cortina de nuvens com as mãos.
(Desesperada).
Porque o mar precisa dela”.
A visão do esforço me arrebatou. Havia sido um dia de “quases”. Quase esfriou, quase um vinho, quase recomecei a escrever o último volume da trilogia. Quase me empolguei; mas fui vencido.
Ao final, depois de ter posto ordem nos afazeres, de ter inventado uma distraçãozinha para o estômago, fui até a varanda e vi a cena.
Pensei ter me deparado com alguma cortina de linho muito antiga; tecido roto, esburacado pelo vento. No entanto eram nuvens. Nuvens brancas e longas, desde a cumeeira do céu até o rodapé do horizonte.
Estava escuro (assim como eu).
Então deu-se o milagre. Por vários pontos frágeis daquela espessa cortina, escapava a luz; descia até as águas lisas do mar, adiante de mim. Tudo muito bonito de se ver. A reinvenção do livro do Gênesis ou um plágio visual de “chão de estrelas”; escolhi a canção e a cantarolei sozinho enquanto a beleza me ardia: “a porta do barraco era sem trinco, e a lua furando nosso zinco, salpicava de estrelas nosso chão. E tu pisavas nos astros”... e parei, distraído.
Meu imenso teto cortinado de algodão, através do qual a lua se espremia e escapava para se atirar no mar... Ele precisava dela, assim como eu precisava daquela visão para encerrar o dia.
Não cheguei a vê-la, vi apenas as ilhas de brilho prateado espalhadas sobre a água. E então o livro do Gênesis me serviu: “o espírito de Deus pairava sobre as águas”. (Deveria ser).
E tudo o que havia sido quase passou a ser inteiro. Sem mistérios ou atropelos. Silenciosamente. (Graças ao esforço de uma lua que não desistiu).
“A lua rasga a cortina de nuvens com as mãos.
(Desesperada).
Porque o mar precisa dela”.
A visão do esforço me arrebatou. Havia sido um dia de “quases”. Quase esfriou, quase um vinho, quase recomecei a escrever o último volume da trilogia. Quase me empolguei; mas fui vencido.
Ao final, depois de ter posto ordem nos afazeres, de ter inventado uma distraçãozinha para o estômago, fui até a varanda e vi a cena.
Pensei ter me deparado com alguma cortina de linho muito antiga; tecido roto, esburacado pelo vento. No entanto eram nuvens. Nuvens brancas e longas, desde a cumeeira do céu até o rodapé do horizonte.
Estava escuro (assim como eu).
Então deu-se o milagre. Por vários pontos frágeis daquela espessa cortina, escapava a luz; descia até as águas lisas do mar, adiante de mim. Tudo muito bonito de se ver. A reinvenção do livro do Gênesis ou um plágio visual de “chão de estrelas”; escolhi a canção e a cantarolei sozinho enquanto a beleza me ardia: “a porta do barraco era sem trinco, e a lua furando nosso zinco, salpicava de estrelas nosso chão. E tu pisavas nos astros”... e parei, distraído.
Meu imenso teto cortinado de algodão, através do qual a lua se espremia e escapava para se atirar no mar... Ele precisava dela, assim como eu precisava daquela visão para encerrar o dia.
Não cheguei a vê-la, vi apenas as ilhas de brilho prateado espalhadas sobre a água. E então o livro do Gênesis me serviu: “o espírito de Deus pairava sobre as águas”. (Deveria ser).
E tudo o que havia sido quase passou a ser inteiro. Sem mistérios ou atropelos. Silenciosamente. (Graças ao esforço de uma lua que não desistiu).
2 comentários:
é assim que a gente se refaz
devo te agradecer por estar aqui,
lendo o que leio, Agnaldo
Neuzza,
Que bom que tenha gostado. Eu é que agradeço pela visita e generosidade dos comentários.
Abraço grande.
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