O AZAGAIEIRO
Saíste.
Tinhas nas mãos a azagaia e o espólio de teu pecado.
Seguiste com ele em tuas palmas, terrivelmente atacado.
Fugiste igualmente ao castigo para o qual foste talhado.
E em riste o terás sobre o dorso, eternamente cravado.
Partiste.
E rápido como teus rastros, apagou-se o teu legado.
Resiste da tua história somente o que não foi contado.
Concluíste o mal intento e em teu destino assoberbado
Persiste ao esquecimento um assassínio imputado.
Caíste.
Como caiu tua sentença sobre um rosto aviltado.
Denegriste a amena têmpora de teu irmão invejado,
Abriste terrível úlcera, deixaste-o lá, abandonado.
Aboliste-o pelo sangue. Tu restaste escravizado.
Denegriste,
Sujaste a pedra e a lança, teu futuro e teu passado.
Consiste de tua lembrança um espírito vil, perturbado
Construíste sobre a areia teu castelo e teu reinado.
O alpiste que te alimenta foi na morte conspurcado.
Premuniste,
E no entanto o fizeste, o evento foi consumado.
Cumpriste o negro fadário, por negra coroa, ornado,
Persiste em tua cabeça e na lápide há de ser gravado.
“Triste, aqui jaz Caim. Que ao irmão teria assassinado”.
(Poema inacabado. Tinha um sentido, uma forma e um rumo, agora ganhou outro. Começou a nascer não sei quando e findou hoje, 17 de julho 2010).
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