UM ALGODOAL
A pluma explodiu neve no mato quente.
Explodiu branco na terra vermelha,
Explodiu pluma no coração seco da infância.
Era noite...
A imagem do algodoal se encolheu por trinta anos
E foi tomar pela mão
O menino que descansava sobre as sacarias,
Olhando o tempo,
Tentando prever o futuro...
(Foi tomá-lo pela mão).
O menino olhou assustado para a roça.
Ela iria desaparecer.
Ele iria desaparecer.
Só restaria, na noite dos anos,
Um campo incendiado de branco,
Explodindo seu macio leite
Pela eternidade dele (o menino).
Explodiram brancas lágrimas em seus olhos infantis
E ele chorou algodão.
2 comentários:
menino, vc fez emergir lembranças em mim,quando eu entrava cafezal adentro, descalça,correndo feliz, pra roubar melancia quente de sol
Quebrava ali mesmo e comia com as mãos. E o algodão...chorar algodão...chorar algodão...
Neuzza querida,
Essa misteriosa invasão ao território da infância é realmente maravilhosa. Compartilho de suas peraltices e de seu bom gosto.
Adoro melancia. Adoro melancia... Até hoje e pelo resto da vida. Adoro melancia.
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