O COITO NA MANHÃ SEGUINTE
Pôs unguento na ferida
E a lacrou
Com renda branca.
Deu-me de beber
Um comprimido de esperança.
Fez dormir
A minha angústia
Cantando versos
De esquecer.
Lavou-me a fronte febril
Com água de rosas.
Recostou-me em sua teta
E eu bebi.
Amargo, o seu leite,
O bom remédio
Como amargos
Os remédios devem ser.
Costurou-me a pele
Sobre o corpo
E a alma coseu
Junto às entranhas.
Salvou-me, por fim,
De chorar
Com lâmina
E traqueotomia.
Permaneceu acordada
Assistindo ao meu delírio.
Dentes rangendo,
Ossos querendo sair.
Rezou sobre meu sono atribulado;
Não dormiu.
Quando acordei
Ainda estava lá, a vida,
Com seu sexo aberto, exposto.
E eu o penetrei
Até que engravidasse de mim.
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