[Imagem: Not yet - Maggie Taylor maggie
Vídeo: Nothing else matters - Apocalyptica]
À luz
O oculto evapora.
A face demaquilada do mistério
Mostra rugas cotidianas.
Bachianas calam
Para assistir
Simulacros conhecidos.
Pode voar
A borboleta que tenha
Como espinha
Um alfinete de costura?
Um homem,
Discípulo de borboletas,
Alberga inúmeros perigos.
Um deles: lagartear para dentro,
Comer a própria flora.
Outro: panapanar-se
Até desconhecer a individualidade.
Quando o sol
Arreia o infinito e monta,
Segredos fenecem na sela
Em autocombustão.
É a luz atômica
Que faz com que desapareçam.
Pode, uma borboleta,
Se violada,
Pôr ovos em leitos de capim?
Pode! Desde que se saiba:
Nascerão taturanas,
E essas, em seu tempo,
Encasularão pólvora alaranjada
E cobrirão de fogo o campo
Quando baterem asas.
Ao primeiro brilho
Nada do que se esconde sobreviverá.
[Dos: POEMAS (QUASE) RECÉM-NASCIDOS]
7 comentários:
Penso nos encasulamentos a que nos submetemos, condenando-nos à estufa assim que a luz vem nos adentrar.
Como sempre, profunda a sua escrita, cheia de significados, magnífica!
Beijo.
Ontem na radio Globo, participando de um debate, saiu uma pesquisa: estamos cada vez mais sozinhos, introspectivos e enclausurados. Como esta borboleta.
Será que vamos perder a capacidade de voar?
Bom dia Poeta do Espelho
taturanas encasuladas
em pólvora alaranjada
metamorfoses estranhas
borboletas viram armas letais
e implodem a própria natureza
nunca mais voam...
doloroso, Agnaldo
Vc tem ilustrado seus poemas com reproduções belíssimas, viu
beijos!
Lara, Lara, Lara...
E justamente você, pulsante como bem sabe ser, vem resignificar os versos, dar a eles mais combustível.
Vão incendiar. E que incendeiem... E que das cinzas renasçamos, melhores ou piores, mas mais intensos.
Super beijo.
Eliane, minha guerreira querida,
Vamos não! Não vamos perder a capacidade de voar. Talvez reinventemos modos, trajetos, até mesmo asas, mas essa capacidade é implícita à raça, uma das poucas que nasceu sem asas, mas ganhou capacidades de se elevar de outras maneiras.
Ando no meio de uma torrente mudanças ótimas. Pouco tempo, mas muita saudade dos amigos (virtuais?) queridos. Mas em breve tudo entra nos eixos e volto a bater ponto por lá (agora em horário diferente... Falando nisso, você pode alterar meu registro de ponto?).
Super beijo.
Neuzza querida,
Nada te escapa. (Raro, muito raro isso. Essa qualidade de percepção. Acho que nós, os cancerianos, temos um olho torto (no bom sentido) no que diz respeito à arte e à beleza).
Tenho tanto cuidado com a imagem quanto procuro ter com a escrita e, mais recentemente, com os vídeos. Estão sempre, sempre, sempre, invariavelmente integrados, por mais que não pareçam...
E essa pintura é realmente um achado. Contraria um pouco meu objetivo inicial de não publicar nada de artistas vivos, mas... Abri uma exceção (e já tenho outras...).
Super beijo.
Não fica preocupado. Ajeite tudinho. Eu espero Poeta. Aliás não quero deixar de voar e nem de esperar. Esperar o milagre de uma nova medicação.
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