Essa veia que treme
No pescoço
Parece dizer.
O cigarro entre os dedos
Queima
A mesma voz.
Quando um carro passa
Reproduz,
E o escuto.
Chacoalha o guizo-coração
- Compasso métrico –
Notas cintilantes.
E a pequena flor
Alvíssima, do bonsai,
Me sai da boca.
Agora desenho
Com sílabas de giz
Partituras
Na superfície da água.
Algum dia hei de saber
O que dizia a veia entre sobressaltos,
O que a voz queimada deixou de dizer.
Algum dia;
E os carros produzirão sons inteligíveis.
O coração comporá uma sinfonia.
Algum dia; o entendimento.
E as flores alvas do bonsai
Serão notas
Boiando na partitura.
Canções que não se apagarão.
8 comentários:
aos meus olhos seu coração já compôs uma sinfonia... que lindo !
parabéns !
beijo
Solange,
Como mandam os bons modos, quando a gente recebe uma visita, e essa visita faz questão de ser tão gentil quanto você, o mínimo que se pode fazer é apresentar a casa e convidá-la a entrar.
Pois bem! Aqui sempre tem lavanda nas janelas, melancia na geladeira, chá de hibisco fumegando e um coração aberto para as visitas.
Ao entrar, não se envergonhe. Abra gavetas, entre nos quartos, olhe nos espelhos e busque o reflexo que desejar.
A casa está sempre aberta...
Quanto ao seu comentário, fico lisonjeado e me realizo. Quando um poema encontra eco ela passa a ter vida própria. Você o batizou.
Bem-vinda e retorne sempre que desejar.
Super beijo.
Há coisas que parecem inscritas em nós assim, com tinta indelével.
Belíssimo, meu amigo!
Beijo.
poemas são como filhos, vc tem razão. Depois de paridos crescem e se vão. É quase impercetível.
Alguns nascem tão exatos. Esses são os que transbordam, atravessam
paredes mas com a delicadeza do beija-flor no seu ofício.
Que as Musas permaneçam com você, Agnaldo.
Renato Russo me lembra um beija-flor riscando com seu giz todas as cores, flanando em nós.
Belo poema, meu caro...
Abraço
Lara,
E as tintas que nos tatuam intimamente, apesar de parecem invisíveis, são as mais intensas.
O importante é não deixá-las desbotarem.
Super beijo.
Neuzza querida,
E a cada um desses filhos é reservado uma partícula de DNA da alma; independentemente do quão autobiográficos possam ser, depois que nascem carregam traços de seus genitores.
E esse corpo etéreo, heim? Esse poder que, como você bem disse, os fazem atravessar paredes, planar por sobre campos inexistentes. Ah, poesia. Que nos salve!
Super beijo.
Rafael,
Antes de mais nada, obrigado!
Obrigado pela visita e por não se render à timidez e escrever em meu espelho.
É sempre bom receber visitas; e se essas visitas nos chamam para "prosear", melhor ainda.
Por isso deixo a casa sempre aberta e arejada, para que as pessoas se sintam à vontade para entrar.
Portanto, sinta-se e seja bem-vindo. Volte sempre que desejar. O espelho estará sempre enevoado, esperando dedos que queiram marcá-lo com recados e palavras novas.
Grande abraço.
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