Sinto o mundo
Como se não tivéssemos pele,
Eu e ele
Fôssemos escalpo
De corpo inteiro.
Por vezes ele pedra,
Áspero, granita;
Outras sou eu,
Friccional,
Quem o atrita.
Por sentir assim,
Irmanado de aflições
E de delícias,
É que não cicatrizo.
Partilhamos única epiderme;
Não há cura,
Nem bálsamo.
Apenas sensações.
Sensações em carne.
Com mel e cal
Nos vamos medicando.
10 comentários:
Bom dia querido Poeta. Eu sinto o mundo e a vida. Intensamente. Sempre foi assim. Muitas vêzes com muita impulsividade. Mas sempre com gosto.
As dores, as alegrias, a felicidade e as aflições.
Uma semana de realizaçõe$
bjjjjjj
Não, não cicatriza, o processo é despelar cada vez mais.
Incrível poema! Muito, muito bom!
=)
Que encanto, meu querido Agnaldo!
Você, mago como é, faz uma obra-prima onde o tema pesado se torna pluma, áspero se torna cetim...
Mil vezes "bravo"!
Não me canso de ler teus versos... Antes, pelo contrário: vontade de ficar aqui para sempre!
Imenso abraço, amigo!
Eliane, Elianinha,
Mas é isso, não é? Sentir intensamente, viver intensamente, com gosto, unhas e dentes.
Se não for assim, de que adianta? Não, não, não... Somos talhados para a intensidade, para viver plenamente, porque essa é a razão de existirmos.
Ótima semana e Super beijo.
Lara,
E não pode cicatrizar. Para que haja a plena interação, inter-relação com o universo, não pode haver casca. Tem de ser na carne viva.
Super beijo.
Zélia, poeta da maciez,
Olha, você já sabe que as portas dessa casa, bem como o coração de seu dono, não se fecham, portanto, fique, fique o quanto desejar.
Sua presença e suas palavras é que acetinam minhas páginas.
Super beijo.
Bom dia Poeta.
Eliane, Elianinha...
Linda noite...
Super beijo.
Querido Agnaldo
amor é isso, fusão que vira um terceiro elemento.
Eu ainda não sei se aprendi a liquidificar os meus metais,
só guardo imagens loucas, vulcões,
sei lá...
só sei que os seus versos fazem un risco fundo
Vc vai se refinando, Agnaldo
Neuzza querida,
Creio que isso é resultado do derretimento cotidiano; vamos nos dissolvendo e reinventando e coisas se perdem, outras se agregam. Talvez seja esses resíduos que, a se agregarem à poeira do dia, resultem na sensação de refinamento.
Fico feliz que sua percepção te diga isso, porque confio em você. E se você diz, me orgulho. Me orgulho por dar mais um paço em direção à poesia que sempre cultivei. Densa, rascante, mas simples como uma faca de cozinha que, ao sair do pão quente, derrete o torrão de manteiga e a espelha gostosamente sobre a fatia...
É assim que desejo. Quente, simples e acolhedora, mesmo que seja faca e pareça perigosa.
Super beijo.
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