CABO DAS TORMENTAS
O branco me desafia. A ausência me desafia igualmente, bem como o vazio. Olho para o espaço por preencher e me parece que a folha quer, que ela deseja urgentemente ser violada, anseia por palavras, assuntos, detalhes assustadores e revelações desprovidas de sentido.
Vou lhes contar um segredo: as palavras agarram na gente. É verdade! Escrever é mais que uma escravidão, é um ato de misericórdia e solidariedade. Diria até que é uma espécie rara de exorcismo, conhecida por poucos. (Ah seu os religiosos conservadores soubessem... “Um padre nosso, três ave-marias, um copo de água benta e doze páginas escritas, sem falta”... Todos os demônios purgados, derretidos em tinta de caneta).
Ceifei muitas vidas e gerei outras tantas, e tudo sem sair de casa, sem mover um músculo que não os necessários ao pesado exercício da escrita. Gosto de brincar de Deus (e aproveito para desafiá-Lo de uma maneira bem sutil, exercendo o que Ele me deu sem saber que era uma arma. Ou sabia?)). Creio sinceramente que deve Ele rir das minhas bestagens...
...O mar todo matizado. Azuis, faixas arenosas, espuma e verdes cá e lá. Mas isso é desimportante, porque o meu oceano é uma folha em branco onde naufraguei, e as palavras são destroços de minha embarcação. Hei de ser salvo por elas, resgatado por elas, pois elas mesmas me conduziram a este ponto: o porto definitivo, o meu cabo das tormentas.
O branco me desafia. A ausência me desafia igualmente, bem como o vazio. Olho para o espaço por preencher e me parece que a folha quer, que ela deseja urgentemente ser violada, anseia por palavras, assuntos, detalhes assustadores e revelações desprovidas de sentido.
Vou lhes contar um segredo: as palavras agarram na gente. É verdade! Escrever é mais que uma escravidão, é um ato de misericórdia e solidariedade. Diria até que é uma espécie rara de exorcismo, conhecida por poucos. (Ah seu os religiosos conservadores soubessem... “Um padre nosso, três ave-marias, um copo de água benta e doze páginas escritas, sem falta”... Todos os demônios purgados, derretidos em tinta de caneta).
Ceifei muitas vidas e gerei outras tantas, e tudo sem sair de casa, sem mover um músculo que não os necessários ao pesado exercício da escrita. Gosto de brincar de Deus (e aproveito para desafiá-Lo de uma maneira bem sutil, exercendo o que Ele me deu sem saber que era uma arma. Ou sabia?)). Creio sinceramente que deve Ele rir das minhas bestagens...
...O mar todo matizado. Azuis, faixas arenosas, espuma e verdes cá e lá. Mas isso é desimportante, porque o meu oceano é uma folha em branco onde naufraguei, e as palavras são destroços de minha embarcação. Hei de ser salvo por elas, resgatado por elas, pois elas mesmas me conduziram a este ponto: o porto definitivo, o meu cabo das tormentas.
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