DONA BOLINHA
Carinha redonda, dentinhos postos com esmero (notava-se que não eram seus, ou melhor, deveriam ser, vez que estavam em sua boca). Gorro de meia-calça cobria-lhe a cabeça, deixando escapar um franjão de koleston. Nome esquisito o dela, impossível de guardar. Serelepe, pinoteava cá e lá, espremendo olhos sobre os estranhos e os querendo comer.
Deve ter sido profissional, pois em dois minutos fora capaz de reconhecer a ascendência européia de seus visitantes. Profissa, à vera!
Mas o que arrebatava os olhos era o estado em que vivia. De perdição, de entrega, de abandono e desordem. De fazer dó. Roupas sujas por todos os lados, monturos surrealistas – esculturas de pano -, vestidos, blusas, intimidades, tudo ao gosto do freguês, à mão. Não viam ordem desde muito. Como era capaz de viver em meio àquilo tudo? Como respirava?
Olha que o bom coração chegou a imaginar que pudesse estar doente, que pudesse ser vítima de moléstia grave, que a pusesse incapaz de realizar as tarefas do dia. Que nada! Era o costume. O costume com a desordem e com o caos, e também com a caraca de gordura de sobre o fogão... Aquilo sim é que é viver. Descompromisso completo, liberdade.
Dona bolinha não fez conta de receber gente em casa em meio á imundice. Devota de Eris, certamente, ou ela mesma... Deusa do caos, cujos dentinhos brancos contrastavam com a sujeira de todo o resto.
Carinha redonda, dentinhos postos com esmero (notava-se que não eram seus, ou melhor, deveriam ser, vez que estavam em sua boca). Gorro de meia-calça cobria-lhe a cabeça, deixando escapar um franjão de koleston. Nome esquisito o dela, impossível de guardar. Serelepe, pinoteava cá e lá, espremendo olhos sobre os estranhos e os querendo comer.
Deve ter sido profissional, pois em dois minutos fora capaz de reconhecer a ascendência européia de seus visitantes. Profissa, à vera!
Mas o que arrebatava os olhos era o estado em que vivia. De perdição, de entrega, de abandono e desordem. De fazer dó. Roupas sujas por todos os lados, monturos surrealistas – esculturas de pano -, vestidos, blusas, intimidades, tudo ao gosto do freguês, à mão. Não viam ordem desde muito. Como era capaz de viver em meio àquilo tudo? Como respirava?
Olha que o bom coração chegou a imaginar que pudesse estar doente, que pudesse ser vítima de moléstia grave, que a pusesse incapaz de realizar as tarefas do dia. Que nada! Era o costume. O costume com a desordem e com o caos, e também com a caraca de gordura de sobre o fogão... Aquilo sim é que é viver. Descompromisso completo, liberdade.
Dona bolinha não fez conta de receber gente em casa em meio á imundice. Devota de Eris, certamente, ou ela mesma... Deusa do caos, cujos dentinhos brancos contrastavam com a sujeira de todo o resto.
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