ILUSÕES
Medo. Medo de não ser ou de ser. Semente negra cultivada ao longo dos anos no recôndito terreno das inseguranças íntimas. Tem raiz profunda.
Houvesse sido inconseqüente pela vida, trançado pernas nela e ignorado a censura (especialmente a autocensura), talvez fosse capaz de encarar com generosidade a enorme caixa de papéis que mantém escondida.
Todos dizem que sim, mas a voz interna se entrepõe – carrasca – dizendo que não, que não deve, que não pode, que não faça.
Examinar os papéis trancafiados, todos os escritos escondidos, furtados dos olhos e do julgamento alheios se revela uma dor danada de suportar. Corcunda enorme, porém invisível, castigando cada um dos dias como imenso silício. Os versos olham de volta e perguntaam: quando? Sem resposta. Só o silêncio conversa com eles, o silêncio e alguma tristeza.
Mas haverá um dia em que gritarão, escoicearão o peito até romperem placidez e resignação com um só golpe, e nesse dia terá de decidir: ou os queima, ou os enfrenta de uma vez. Até que chegue esse hora crucial perseverará o estado vegetativo do espírito inquieto, o que se contenta com migalhas pessoais, de si, para si e para o nada, para mais ninguém.
Pequenas alegrias travestidas. Lê e relê cada uma delas como se fossem portadoras da salvação. Resta-lhe um único e gelado conforto, e a certeza de que quando nada se tem, tem-se a ilusão de tudo. Ilusão-veneno.
Medo. Medo de não ser ou de ser. Semente negra cultivada ao longo dos anos no recôndito terreno das inseguranças íntimas. Tem raiz profunda.
Houvesse sido inconseqüente pela vida, trançado pernas nela e ignorado a censura (especialmente a autocensura), talvez fosse capaz de encarar com generosidade a enorme caixa de papéis que mantém escondida.
Todos dizem que sim, mas a voz interna se entrepõe – carrasca – dizendo que não, que não deve, que não pode, que não faça.
Examinar os papéis trancafiados, todos os escritos escondidos, furtados dos olhos e do julgamento alheios se revela uma dor danada de suportar. Corcunda enorme, porém invisível, castigando cada um dos dias como imenso silício. Os versos olham de volta e perguntaam: quando? Sem resposta. Só o silêncio conversa com eles, o silêncio e alguma tristeza.
Mas haverá um dia em que gritarão, escoicearão o peito até romperem placidez e resignação com um só golpe, e nesse dia terá de decidir: ou os queima, ou os enfrenta de uma vez. Até que chegue esse hora crucial perseverará o estado vegetativo do espírito inquieto, o que se contenta com migalhas pessoais, de si, para si e para o nada, para mais ninguém.
Pequenas alegrias travestidas. Lê e relê cada uma delas como se fossem portadoras da salvação. Resta-lhe um único e gelado conforto, e a certeza de que quando nada se tem, tem-se a ilusão de tudo. Ilusão-veneno.
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