COISAS SUJAS, INÚTEIS E BELAS
Revirando gavetas encontrou uma caixinha que julgava desaparecida desde sempre. Madrepérola ou madeira ou papelão. De que era? Ao abri-la teve a impressão de que jamais houvera existido, tamanha matéria de encantamento que ocultava. Deveria ser mítica; Pandora ao contrário.
Melhor que não a tivesse encontrado, chegou a pensar. Mas foi tanto o enlevo e tão intensa a sedução que não resistiu aos seus apelos e foi penetrando dedos curiosos, revirando magias nela contidas, dela.
O espelhinho de bolso, oval; pente flamengo (que igual já não se vê); canetinhas hidrocor secas de fazer dó (muito álcool, muito álcool... Vão vazar três folhas) e um palito premiado de picolé Kibom (Deus, que desperdício, será que o trocariam por outro, um de limão?).
É para se pensar... Para onde os tais amuletos mágicos conduziriam? Eras enterradas, sentimentos idos e memórias que julgava desconhecer. (Como, se eram memórias?). Desconhecia. Havia crescido, encorpado, ganhado idade, e aqueles objetos tinham um significado doído e distante.
Caixinha blindada contra a pressa... O espelhinho - o olhar para trás, o pente de endireitar cabelos desaninhados pela velocidade dos dias, canetinhas para botar cor sobre o sépia dos olhos opacos e um palito premiado para lembrar que no cerne das coisas boas ainda pode haver mais... Tudo empoeirado, tudo sujo e inútil, porém belo, inesquecível.
Revirando gavetas encontrou uma caixinha que julgava desaparecida desde sempre. Madrepérola ou madeira ou papelão. De que era? Ao abri-la teve a impressão de que jamais houvera existido, tamanha matéria de encantamento que ocultava. Deveria ser mítica; Pandora ao contrário.
Melhor que não a tivesse encontrado, chegou a pensar. Mas foi tanto o enlevo e tão intensa a sedução que não resistiu aos seus apelos e foi penetrando dedos curiosos, revirando magias nela contidas, dela.
O espelhinho de bolso, oval; pente flamengo (que igual já não se vê); canetinhas hidrocor secas de fazer dó (muito álcool, muito álcool... Vão vazar três folhas) e um palito premiado de picolé Kibom (Deus, que desperdício, será que o trocariam por outro, um de limão?).
É para se pensar... Para onde os tais amuletos mágicos conduziriam? Eras enterradas, sentimentos idos e memórias que julgava desconhecer. (Como, se eram memórias?). Desconhecia. Havia crescido, encorpado, ganhado idade, e aqueles objetos tinham um significado doído e distante.
Caixinha blindada contra a pressa... O espelhinho - o olhar para trás, o pente de endireitar cabelos desaninhados pela velocidade dos dias, canetinhas para botar cor sobre o sépia dos olhos opacos e um palito premiado para lembrar que no cerne das coisas boas ainda pode haver mais... Tudo empoeirado, tudo sujo e inútil, porém belo, inesquecível.
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