DA VARANDA EU VEJO O MAR. O MUNDO NÃO!
Tenho um belo mar sob meus pés. Que vai e se demora em voltar. Parece que as ondas não são as mesas, pois sempre cantam diferente quando tocam as pedras do quebra-mar. Eu as fico ouvindo da varanda, tentando entendê-las.
Parece que fazem o mesmo acerca de mim, porque cada uma delas, ao que me parece, ainda que muito atrasada no dia, volta horas depois e se arrebenta na amurada, querendo saltar para o meu décimo quinto andar.
Olha que as coisas são mesmo muito confusas. Eu pularia sobre elas, se me pedissem, muito embora existam os quinze pavimentos, além de uma larga avenida que nos separa. É assim, o silêncio entre as pessoas põe inexistência (veja que nesse caso é entre uma pessoa e as ondas, mas vale para pessoas também).
O mar é grande, infinito para olhos e vazio para todo o resto. Vão pedaços de mundo nas costas dos enormes cargueiros que desfilam no horizonte. São só pedaços.
O mundo é grande e não cabe nos meus olhos, mas minha alma tem espaço, como se jamais tivesse sido ocupada. Um apartamento vazio, uma casa enorme, uma varanda sem fim debruçada para além dos oceanos, da calma e da imaginação. Estou inútil para esse tempo de ondas que não se acaba.
..."Mais vasto é o meu coração".
Não é uma rima, mas é uma boa solução.
(Que me perdoe Drummond).
Nenhum comentário:
Postar um comentário