ESMERALDAS DE VIDRO
Penetro os meus olhos por entre a grinalda
Na busca incessante da melhor imagem,
Mas todas desvelam a mesma miragem
Verde em minhas vistas feito uma esmeralda.
É a verde mata que se a mim desfralda
Misteriosa e bela, porém sem passagem,
Natureza espessa, tal e qual, selvagem
É também a minha, meu signo e balda.
Desde o raso vale, as fossas, a falda,
Cobre a escuridão imensa bestiagem,
Os anjos de rapina que em conjunto agem
São de solidão, gosma que me escalda.
Verde-negras asas em minhas espaldas
Reluzem nas noites feito uma colagem.
São asas, por certo, ou cópia, ou miragem?
Verde-negro-inúteis, falsas esmeraldas.
(Em Recife-PE, 02 de Julho de 2009. São 18h49. O dia foi difícil e esquisito e a poesia não poderia ser diferente. Quando nasceu, em tempo ignorado, os primeiros versos prenunciavam alguma claridade, mas não hoje. A demora do parto deu nisso. Nigérrima).
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