"PORQUE NARCISO ACHA FEIO O QUE NÃO É ESPELHO" (Caetano Veloso).

segunda-feira, 6 de julho de 2009

CRÔNICA DO DIA.


LEITO DE PROCUSTO.

Narra a mitologia que Procusto era um salteador ático, muito cruel, e que possuía em sua casa uma cama, a qual utilizava como espécie de “gabarito” para estabelecer proporções e impingir às suas vítimas terríveis castigos. Depois de saquear algum passante Procusto o aprisionava e fazia com que se deitasse sobre o leito, aferindo-o. A medida exata do homem não deveria exceder o comprimento da cama, tampouco ser-lhe inferior.

Aqueles cuja estatura faltasse para se igualar às proporções almejadas eram desconjuntados e espichados até que seus pés e cabeça estivessem perfeitamente alinhados aos limites do leito. Os demais, desafortunados, portadores de esqueletos longilíneos, alongados para além da conta, e que viessem a exceder as fronteiras de cabeceira e pés da cama, tinham o excesso simplesmente decepado a golpes de machado.

Procusto foi morto por Teseu, herói mitológico, que lhe aplicou o mesmo castigo reservado às suas vítimas.

Socialmente o mito está ligado ao uso da violência com o propósito de aniquilar diferenças e particularidades individuais. Em literatura a lição é outra. O leito serve de régua para que se aprenda a extorquir o máximo de um texto partindo de certo padrão. Há que ser enfeitado, caso algo lhe falte. Excedendo, deve-se às sobras único destino. Mutilação. E ponto.

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