ORIGAMI
Meus vizinhos são quase todos idosos. Passo dias sem ouvir ruídos; tal fato me convence de que a pacificação e o silêncio são signos do tempo. Falar é uma prerrogativa dos que não aprenderam o suficiente; uma forma de interiorizar, de acreditar no discurso e de vencer pelo volume.
Com os velhos não! A idade os amaciou, ensinou-lhes tudo o quanto foi preciso e em certo ponto chegaram à essa luminosa conclusão. (Amadurecer com sabedoria é um prêmio cujo troféu é feito de silêncios).
Gosto mesmo desses vizinhos. Gosto a ponto de percorrer os elevadores (mesmo quando não é necessário) na tentativa de encontrá-los, trocar um “dedinho de prosa”. (Me enriqueço mais em quinze andares de conversa do que em seis horas de noticiário. E vale, isso sim, vale!).
Dia desses um – cabelinhos branquíssimos - me perguntou logo de manhã: “O senhor não costuma ir à praia?” Atordoado pelo excesso de respeito respondi uma desculpa qualquer; e ele riu para mim. Ri de volta, tentando imaginar os sinuosos caminhos que houvéramos percorrido antes de adentrar o elevador. (A vida nos vai, secretamente, dobrando).
(Restou-me a bonita a imagem desse homem velho). Em cada ruga daquele rosto, em cada vinco daquela pele sentida, residem as mãos do tempo. As dobras que ele fez sobre o papel do destino, tornando o homem aquilo que é: um belo e frágil pássaro de papel, prestes a voar.
Meus vizinhos são quase todos idosos. Passo dias sem ouvir ruídos; tal fato me convence de que a pacificação e o silêncio são signos do tempo. Falar é uma prerrogativa dos que não aprenderam o suficiente; uma forma de interiorizar, de acreditar no discurso e de vencer pelo volume.
Com os velhos não! A idade os amaciou, ensinou-lhes tudo o quanto foi preciso e em certo ponto chegaram à essa luminosa conclusão. (Amadurecer com sabedoria é um prêmio cujo troféu é feito de silêncios).
Gosto mesmo desses vizinhos. Gosto a ponto de percorrer os elevadores (mesmo quando não é necessário) na tentativa de encontrá-los, trocar um “dedinho de prosa”. (Me enriqueço mais em quinze andares de conversa do que em seis horas de noticiário. E vale, isso sim, vale!).
Dia desses um – cabelinhos branquíssimos - me perguntou logo de manhã: “O senhor não costuma ir à praia?” Atordoado pelo excesso de respeito respondi uma desculpa qualquer; e ele riu para mim. Ri de volta, tentando imaginar os sinuosos caminhos que houvéramos percorrido antes de adentrar o elevador. (A vida nos vai, secretamente, dobrando).
(Restou-me a bonita a imagem desse homem velho). Em cada ruga daquele rosto, em cada vinco daquela pele sentida, residem as mãos do tempo. As dobras que ele fez sobre o papel do destino, tornando o homem aquilo que é: um belo e frágil pássaro de papel, prestes a voar.
Um comentário:
batendo ponto aqui: bonito demais! Beijo
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