"PORQUE NARCISO ACHA FEIO O QUE NÃO É ESPELHO" (Caetano Veloso).

sexta-feira, 17 de julho de 2009

CRÔNICA DA TARDE.


OVO

Comprei ovos no supermercado (crônicas de sexta-feira, as pobres vêm dos guichês, das gôndolas, seções de hortifruti e das filas, mas hoje não). Isso me fez pensar que somos frágeis e, à parte isso, conseguimos conter sistemas solares, nebulosas, estrelas e buracos-negros. É bom ser ovo!

Bem verdade que somos ovo de uma maneira diferente do próprio ovo. O calor, a tensão, a pressão externos são capazes de nos enrijecer, mas (digo por mim) não nos endurecem por completo e - boa paga – permite que sigamos um mínimo menos quebradiços. (É bom ser ovo?).

Sarei um pouco do meu mal inexplicável. Matei com biscoitos de gergelim os bichos que me devoravam de dentro para fora (eram vermes de um tipo muito raro. Vermes de inquietude e de alma), e já me sinto capaz de interpretar as delícias de um ovo (que vão além da fritura, da omelete, do cozimento e da maionese caipira). (É bom ser ovo?)

De vez em quando preciso daquelas embalagens de papelão azul (ou de uma dessas modernas, alaranjadas, espécie de isopor) para proteger minhas cascas de impactos exteriores (embora entenda que para o caso desse ovo aqui, o impacto tem aspectos de implosão). É bom ser ovo?

Comprei logo uma dúzia e meia dos grandões, vermelhos (se bem que considere a cor mais para marrom); os trouxe fora do carrinho, e com elevado zelo. Chegaram inteiros em casa, assim como eu. É bom ser ovo!

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