"PORQUE NARCISO ACHA FEIO O QUE NÃO É ESPELHO" (Caetano Veloso).

sexta-feira, 3 de julho de 2009

CRÔNICA DO DIA.

TEMPO

Célere. Sinto-me ainda com a idade que tinha quando deixei a casa de meus pais. Isso soa estranho porque, de certa forma, me aprisiona a um momento e a uma vida que já não existe. Aquela idade reside acesa, um farol erigido no alto de uma ilha - centro de meus anos -, embora eu seja um outro e tantos outros tenha me tornado no transcurso.

Súbito. Como se houvesse envelhecido ao contrário; descobrisse que em remota época teria sido mais maduro que hoje (e severamente mais pesado). Rio escalando escarpas, chuvas ascendendo dos campos, plantas florescendo sob espessa camada de cascalho. O mundo girando, retornando, reflexo dele mesmo.

Inesperado. Veio o sentimento de antes e de depois. Veio dominar o agora. Mimetizá-lo para que eternamente difusas sejam as angústias vividas e as esperanças por serem.

É mesmo um capricho. Aspecto, visagem de estrelas extintas que permanecem enviando luz através do universo. O tempo é uma ilusão. Tanto para frente quanto para trás.

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